terça-feira, setembro 05, 2006

TELEVISÃO: A DITADURA DO SÉCULO VINTE E UM

50 ANOS DE FEROZ DITADURA DA TELEVISÃO
Quando no princípio de Setembro de 1956 começaram as emissões experimentais da televisão em Portugal de certeza que ninguém previa que passadas algumas décadas estaríamos sujeitos a uma acérrima ditadura: a ditadura de chegarmos a casa e ligarmos todas as televisões que lá existam – e há quem tenha uma TV em cada divisão – de fazermos as refeições em função dos telejornais, de combinarmos tomar café com os amigos consoante a hora de determinado programa, de cancelarmos uma reunião de condomínio porque nesse dia e a essa hora há um jogo de futebol, de ficarmos nas primeiras páginas de um livro porque o enredo da telenovela é mais fácil de digerir, de adormecermos obrigatoriamente à luz das radiações televisivas…

Há 30 anos atrás lembro-me de chegar a casa com os meus pais e um de nós corria a ligar o rádio. Bons tempos e bons hábitos porque ouvir rádio não é impeditivo de fazermos outras coisas. E nesse tempo a música portuguesa ainda era maioritária na rádio. E havia música francesa. E italiana.

A pouco e pouco a televisão foi ganhando terreno e há muita gente hoje que nem sequer tem rádio em casa. Quanto muito, têm um rádio despertador no quarto. Dantes estudava-se ao som do rádio – mas estudava-se mesmo! Agora, estudar e assistir aos Morangos ou à Floribella ao mesmo tempo é impossível. Dantes ouvia-se o tempo na rádio, agora ouve-se na televisão, dantes sabia-se do trânsito na rádio, agora não se sai de casa sem ver através das câmaras do Instituto de Estradas ou algo que o valha!

A ditadura da televisão tornou-se mais feroz nos últimos anos e somos todos prisioneiros dela. E não é preciso levarem-nos para nenhuma prisão com grades. Estamos presos na nossa própria casa!

2 Comments:

At novembro 21, 2006 5:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Alex,

Estou completamente de acordo contigo. Que saudades que eu tenho do tempo da rádio.

Beijinhos
Isabel

 
At janeiro 03, 2007 6:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu não tenho televisão. É muito libertador...

 

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