sexta-feira, setembro 22, 2006

DIA EUROPEU DA (I)MOBILIDADE

INVIÁVEL NO PAÍS QUE TEMOS
Em Lisboa e Porto é impossível falar em mobilidade. Por mais bitaites que os políticos e os pseudo-políticos debitem, a verdade é que todo o planeamento – ou antes, a falta de planeamento – destas cidades, dos seus acessos, dos terminais de transportes, da localização das empresas e dos serviços, obsta a que as pessoas cheguem onde pretendem com facilidade e comodidade.

Começando pelos transportes, até se pode dizer que no geral funcionam. Mas, os terminais e as paragens ficam longe dos locais onde as pessoas vivem, o que obriga a que estas se desloquem de automóvel para apanharem o transporte público: ora, quem faz uns quilómetros para apanhar o transporte já agora faz mais alguns e leva o carro para o emprego. As principais estações do comboio da ponte, por exemplo, ficam em locais de difícil acesso, os terminais fluviais idem, idem.

Outro fenómeno nos últimos anos – embora ninguém fale disso! – é a chamada deslocalização das empresas: as pessoas trabalham num local onde até ganharam a rotina dos transportes quando, de repente, a empresa decide mudar para outro local, geralmente para a periferia e em locais onde só é possível chegar – e mal – de automóvel. Quando se trata de empresas com uma certa dimensão, altera-se a vida de centenas de pessoas. Os gestores ou pseudo-gestores só vêem um tipo de símbolos à frente: cifrões! Este tem acontecido com muitas empresas de serviços, de novas tecnologias e até com universidades – o que é uma aberração pois as universidades deveriam estar obrigatoriamente nos centros das cidades.

Outra questão absurda tem a ver com a localização dos serviços públicos: concentram-se os serviços em locais que penalizam os funcionários e os utentes desses serviços em termos de distância. Estas repartições deveriam estar o mais próximo possível das pessoas.

Quanto ao Dia Europeu Sem Carros é muito bonito quando se trata de cidades pequenas e planas, onde as pessoas podem andar a pé sem correrias e sem stresse. Mas em Lisboa e no Porto é impraticável! O que adianta dificultarem a vida a quem trabalha por um dia, se isso não vai trazer quaisquer benefícios?