Cortiça portuguesa nos aviões da Airbus

A Cortiça portuguesa está de parabéns: o gigante europeu da Airbus contratou com a Corticeira Amorim para preparar os produtos capazes de substituir plásticos e borrachas nas fuselagens.

A utilização da Cortiça em aeronaves não é novidade: há mais de 15 anos que a cortiça reveste o nariz e a barriga das naves espaciais da NASA.

O recurso à Cortiça deve-se ao facto de este ser um material que melhora o isolamento dos aviões em termos de vibração, som e temperatura. Ao longo dos próximos dois anos, os técnicos da Airbus vão analisar o comportamento da nova fuselagem isolada com cortiça portuguesa.

A notícia podia passar despercebida no meio de outras tantas, mas para mim é muito importante que se dê valor a um produto quase genuinamente português (Portugal é o maior produtor mundial), mas que tem sido tão mal tratado: são abates ilegais para construir empreendimentos habitacionais e turísticos de luxo, são o abate para lenha, são a devastação de muito do montado alentejano - e tudo isto com o conluio de governos, autarquias e outras entidades responsáveis.

Isto é tanto mais grave quando se sabe que um sobreiro demora pelo menos 40 anos para chegar a adulto!!! Por isso é um crime abater sobreiros! Os outros dão-lhe valor mas em Portugal parece que o que está em jogo é o consumo imediato - os portugueses já não têm paciência para esperar tanto tempo para recolher frutos de um investimento! É pena!

(A tocar «Cá vou cantando» da Viviane, que me faz lembrar uma Valsa dos Sobreiros não sei porquê! Acho que se os sobreiros tivessem ouvidos (se calhar têm...) gostariam destes acordes)